quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Volta de férias


...Tic-tac o relógio não para... E o vento assovia cada vez mais forte.
Meio dia e eu aqui parado, sentado num banco refletindo enquanto esse mormaço que pesa sobre os ombros segue prenunciando aguaceiro. Tic-tac sigo sentado, sem vontade de fazer nada, amanha tenho que pegar o gateado na madrugada e partir para a cidade cinqüenta quilômetros, umas seis horas a trote e a tranco, pra depois partir sete horas de ônibus rumo a Dom Pedrito. Continuo aqui angustiado feito um guri que não quer ir pro colégio. Do lado de la uma faculdade que não anda pra frente, uma cidade que não cultiva amizades por este aparelho que “une” distancias e comunica lonjuras só me falam discórdias de lá, só me aporrinham me entristecem. Do lado de cá vejo a primavera chegando a vida nascendo todos os dias em mais um cordeiro forte retocando nas pedras, as flores florindo e os potros vindo roubar bóia das mãos da gente... Então me pergunto porque tenho que partir? E a resposta me vem: Em busca do maior e mais respeitado poder dos homens, que pode fazer com que tudo isto aqui creça, melhore e evolua. O conhecimento, este o qual os homens agregam valores... Então calado continuo a escutar o som dos ventos, a sentir a brisa que ele trás, há ver florescer os campos, há contemplar a vida inventar uma nova vida.Pra pelo menos lá me agarrar nesses pensamentos pra agüentar mais.

sábado, 27 de junho de 2009

Pensativo


17 de junho de 2008


"À uma casinha perdida entre cerros"


...Por aqui a noite caí as cinco

E vem ponteando a lua cheia

Bela e branca como uma óstea sagrada.

Hoje a noite vai ser linda,

Sem nuvens...

Por aqui parece que o céu é maior,

Um imenso palco pro bailado das estrelas,

Talvez seja porque rodeado de campos não

Tenha o que ofusque meu olhar...

Por aqui me encontro agora perdido

No mistério das labaredas.

Qual segredo terá este fogo onde enchergo

Meu passado, meu presente, onde projeto

Meu futuro... E essa lua cheia la fora.

Porque que no quarto de lua me paro tão

Pensativo...

E vão falando do meu lado na roda do mate,

Mas escuto apenas múrmurios.

Talvez as vezes até falem comigo,ou talvez

Ja desistiram.

Meu mundo se resumi a pensamentos e

Labaredas.


Casinha - Pedras Altas

sexta-feira, 26 de junho de 2009

E assim começo do fim...

Ficou uma ausencia de lombo nos bastos... E um pingo picasso sem motivos para amadrinhar...




Casinha 29/01/09 Lua Nova

...Era pra ta loko de facero de novo bate uma chuvarada linda la fora:De novo voltou a correr o sangue da terra nas suas veias expostas em forma de sanga;de novo volta o brilho p'ra os olhos verdes do campo. Mas os meus se quedan parados, tristes, longes... Hoje fomos cortar o tendão de uma potrinha, que a mais ou menos uma semana quando voltamos do rodeio, encontramos com um corte de arame que pelou do joelho ao casco toda carne e ficou só no osso, com um tendão dependurado.Mas a operação campeira num fundo de campo se foi mal,e não houve o que nós fizesse pra estancar o sangue... Quando a noite caíu a potra rosilha prateada que chamamos de dama de ouro, pela sua beleza infinda.Estava em pé pastando, mas o sangue ainda pingava. Sentei aqui na frente dos mistérios rubros da corunilha a queimar, me sentindo impotente a lei divina, vago, parado, por horas como se fosse meu próprio sangue que se esvaisse aos poucos. Será que Nsa Senhora vai me cobrar tão caro pela chuva derramada. Porque estes campos tem tanta sede de pingos?Será que é o preço pra viver num paraíso tão lindo. Devo aos cavalos meu carinho, minha atenção e dedicação meus parceiros desde que eu era guri.


30/01/09

...Noite potra maleva que me rouba o sono, parou o barulinho da chuva na telha de barro que pelo menos me distraia o ouvido.Maldito silêncio se assentou por aqui, eu que gosto tanto de silêncio e quietude;mas hoje não presisava, porque a imagem da pata da potra só no osso correndo sangue, roubando aos poucos a essência da vida me ronda os pensamentos...E as horas vão passando aguniantes, ja vim me deitar mais de meia noite, me perdi em pensares mateando na frente das labaredas...De vez enquando trovoadas cortam o silêncio...Um estrondo, curto e seco desaba na minha audição, dessa vez não vem dos céus, mas do piquete do lado do quarto.Um estampido derradeiro, quando da força de um bagual se extraí a última gota de sangue. Mais uma que ja imaginava moldada nos bastos roubastes de mim